EBENACEAE

Diospyros inconstans Jacq.

Como citar:

Diogo Marcilio Judice; Tainan Messina. 2012. Diospyros inconstans (EBENACEAE). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

LC

EOO:

6.178.007,273 Km2

AOO:

540,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Detalhes:

Ocorre no Panamá e Bolívia (Santos; Sano, 2007); no Brasil ocorre nos Estados do Pará, Tocantins, Acre, Rondônia, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Wallnöfer, 2012).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2012
Avaliador: Diogo Marcilio Judice
Revisor: Tainan Messina
Categoria: LC
Justificativa:

Espécie arbustiva a arbórea, atingindo até 15 metros de altura. <i>D. iconstans </i>é muito bem representada em herbários, tendo sido registrada em diversas unidades de conservação (SNUC). Aparentemente suas subpopulações têm se mantido estáveis apesar das ameaças isoladas por localidades de ocorrência. A espécie foi categorizada como "Menos preocupante"<i> </i>(LC).

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Espécie descrita em Enum. Syst. Pl. 34. 1760. Nomes populares: "fruta de jacú" e "marmelinho"(Wallnöfer, 2012).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido

População:

Flutuação extrema: Sim

Ecologia:

Biomas: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica
Fitofisionomia: Ocorre em floresta estacional semidecidual, floresta estacional decidual, formações campestres e restinga (Santos; Sano, 2009); também em matas de galeria e de encosta (Santos; Sano, 2007)
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland, 1.9 Subtropical/Tropical Moist Montane, 3 Shrubland, 3.5 Subtropical/Tropical Dry, 3.6 Subtropical/Tropical Moist, 3.7 Subtropical/Tropical High Altitude, 4 Grassland, 1 Forest
Detalhes: Caracteriza-se por arbustos a árvores, de 2-15 m de altura; coletada com flores de setembro a novembro e com frutos de janeiro a agosto; sementes dispersas por aves (Santos; Sano, 2007).

Ameaças (4):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
O modelo tradicional da ocupação da Amazônia tem levado a um aumento significativo do desmatamento na Amazônia legal, sendo este um fenômeno de natureza bastante complexa, que não pode ser atribuído a um único fator. As questões mais urgentes em termos da conservação e uso dos recursos naturais da Amazônia dizem respeito à perda em grande escala de funções críticas da Amazônia frente ao avanço do desmatamento ligado às políticas de desenvolvimento na região, tais como especulação de terra ao longo das estradas, crescimento das cidades, aumento dramático da pecuária bovina, exploração madeireira e agricultura familiar (mais recentemente a agricultura mecanizada), principalmente ligada ao cultivo da soja e algodão. Esse aumento das atividades econômicas em larga escala sobre os recursos da Amazônia legal brasileira tem aumentado drasticamente a taxa de desmatamento que, no período de 2002 e 2003, foi de 23.750 km², a segunda maior taxa já registrada nessa região, superada somente pela marca histórica de 29.059 km² desmatados em 1995. A situação é tão crítica que, recentemente, o governo brasileiro criou um Grupo Interministerial a fim de combater o desmatamento e apontar soluções de como minimizar seus efeitos na Amazônia legal (Ferreira et al., 2005).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Mais de 25 milhões de pessoas, aproximadamente 15% da população do Brasil, vivem na Caatinga. A população rural é extremamente pobre e os longos períodos de seca diminuem ainda mais a produtividade da região, aumentando o sofrimento da população. A atividade humana não sustentável, como a agricultura de corte e queima que converte, anualmente, remanescentes de vegetação em culturas de ciclo curto além do corte de madeira para lenha, a caça de animais e a contínua remoção da vegetação para a criação de bovinos e caprinos tem levado ao empobrecimento ambiental, em larga escala, da Caatinga. Os bovinos e caprinos foram introduzidos pelos europeus no início do século XVI e rapidamente devastaram a vegetação da Caatinga, não adaptada à pastagem intensiva. O número estimado de cabeças desses animais, atualmente, é de mais de 10 milhões e já são reconhecidos núcleos de desertificação associados ao sobrepastejo e, principalmente, ao pisoteio dos mesmos. Desde o início da colonização européia, as áreas de solos mais produtivos também foram convertidas em pastagens e culturas agrícolas. As florestas de galeria foram largamente substituídas por formações abertas nos últimos 500 anos, afetando o regime de chuvas local e regional e levando ao assoreamento de córregos e até mesmo de grandes rios. Rios anteriormente navegáveis, que permitiam o transporte de animais e madeira do interior do país, estão, agora, sazonalmente secos. Por fim, as técnicas de irrigação desenvolvidas nas últimas décadas para a fruticultura e plantações de soja têm acelerado o processo de desertificação. Todos esses usos inapropriados do solo têm causado sérios danos ambientais, p. ex., a desertificação já atinge 15% da área da região e ameaçado a biodiversidade da Caatinga (Leal et al., 2005).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Agriculture
A degradação do solo e dos ecossistemas nativos e a dispersão de espécies exóticas são as maiores e mais amplas ameaças à biodiversidade. A partir de um manejo deficiente do solo, a erosão pode ser alta: em plantios convencionais de soja, a perda da camada superficial do solo é, em média, de 25 ton/ha/ano. Aproximadamente 45.000 km² do Cerrado correspondem a áreas abandonadas, onde a erosão pode ser tão elevada quanto a perda de 130 ton/ha/ano. O amplo uso de gramíneas africanas para a formação de pastagens é prejudicial à biodiversidade, aos ciclos de queimadas e à capacidade produtiva dos ecossistemas. Para a formação das pastagens, os cerrados são inicialmente limpos e queimados e, então, semeados com gramíneas africanas, como Andropogon gayanus Kunth., Brachiaria brizantha (Hochst. ex. A. Rich) Stapf, B. decumbens Stapf, Hyparrhenia rufa (Nees) Stapf e Melinis minutiflora Beauv. (molassa ou capim-gordura). Metade das pastagens plantadas (cerca de 250.000 km² - uma área equivalente ao Estado de São Paulo) está degradada e sustenta poucas cabeças de gado em virtude da reduzida cobertura de plantas, invasão de espécies não palatáveis e cupinzeiros (Klink; Machado, 2005).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
A Mata Atlântica já perdeu mais de 93% de sua área e menos de 100.000 km² de vegetação remanesce. Algumas áreas de endemismo, como Pernambuco, agora possuem menos de 5% de sua floresta original. Dez porcento da cobertura florestal remanescente foi perdida entre 1989 e 2000 apenas, apesar de investimentos consideráveis em vigilância e proteção. Antes cobrindo áreas enormes, as florestas remanescentes foram reduzidas a vários arquipélagos de fragmentos florestais muito pequenos, bastante separados entre si. As matas do nordeste já estavam em grande parte devastadas (criação de gado e exploração de madeira mandada para a Europa) no século XVI. As causas imediatas da perda de habitat: a sobrexplotação dos recursos florestais por populações humanas (madeira, frutos, lenha, caça) e a exploração da terra para uso humano (pastos, agricultura e silvicultura). Subsídios do governo brasileiro aceleraram a expansão da agricultura e estimularam a superprodução agrícola (açúcar, café e soja). A derrubada de florestas foi especialmente severa nas últimas três décadas; 11.650 km² de florestas foram perdidos nos últimos 15 anos (284 km² por dia). Em adição à incessante perda de hábitat, as matas remanescentes continuam a ser degradadas pela extração de lenha, exploração madeireira ilegal, coleta de plantas e produtos vegetais e invasão por espécies exóticas (Tabarelli et al., 2005).

Ações de conservação (2):

Ação Situação
1.2.1.3 Sub-national level
Espécie considerada "Vulnerável" (VU) pela Lista vermelha da flora de Minas Gerais (COPAM-MG, 1997).
Ação Situação
4.4.3 Management
Espécie ocorre em unidades de conservação (SNUC): Estação Ecológica do Pau-Brasil, no Estado da Bahia; Parque Estadual da Pedra da Boca, na Paraíba; Parque Ecológico da Serra Negra, em Pernambuco; Reserva Ecológica Estadual de Jacarepiá, no Rio de Janeiro; RPPN Stoessel de Brito, no Rio Grande do Norte; Parque Nacional Aparados da Serra e Parque Nacional da Serra Geral, em Santa Catarina; Estação Ecológica de Angatuba, Parque Estadual Morro do Diabo e Estação Ecológica de Paranapanema, em São Paulo (CNCFlora, 2011).